Desde o século passado o conceito de governança corporativa é estudado. Isso se deve ao desenvolvimento do mercado de capitais – e a expectativa de proteger os acionistas – e a reconstrução da economia após a segunda grande guerra. Mas, nos últimos anos, o ESG tem dado destaque ao assunto.
A sigla ESG (Environmental, Social and Governance) ganha cada vez mais destaque global. Trata-se, sobretudo, de critérios essenciais para investidores e empresas que desejam alinhar operações com práticas sustentáveis e responsáveis.
Mas enquanto os componentes ambiental (E) e social (S) muitas vezes dominam as discussões, o G, de governança, permanece esquecido. Então, o que exatamente significa governança no contexto ESG? E por que ela é tão importante? Falamos disso neste artigo.
A governança, dentro da agenda ESG, refere-se ao conjunto de práticas, políticas e processos pelos quais uma empresa é dirigida e controlada. Ela abrange desde a composição do conselho de administração até políticas de ética, transparência, conformidade regulatória, auditoria, gerenciamento de riscos e proteção dos direitos dos acionistas.
Trata-se de assunto da mais alta importância. Isso porque a governança eficaz garante que as decisões empresariais sejam tomadas com integridade e em conformidade com as melhores práticas, alinhando os interesses de todas as partes interessadas.
Em suma, a governança é o pilar que sustenta as práticas sociais e de sustentabilidade ambiental dentro de uma organização. Sem uma estrutura de governança robusta, qualquer iniciativa em prol do meio ambiente ou da sociedade pode fracassar ou, pior, tornar-se uma fachada sem substância real.
A governança desempenha importante papel na manutenção da integridade e credibilidade das empresas no contexto ESG. Instituições com estruturas de governança fortes são mais transparentes, éticas e responsáveis, o que resulta em maior confiança por parte de investidores, consumidores e demais stakeholders.
Além disso, a boa governança está associada a uma melhor performance financeira.No Brasil, o Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC), demonstra que empresas com melhor pontuação no índice tendem a apresentar maior valor de mercado e menor risco.
Governança também é fundamental para mitigar riscos. Empresas com práticas de governança inadequadas estão mais suscetíveis a fraudes e conflitos de interesse, que resultam em prejuízos e danos à reputação. Exemplo disso é o caso da Enron: falta de transparência e má gestão levaram a um dos maiores colapsos corporativos da história.
Para entender o que constitui uma boa governança no contexto ESG, é importante explorar alguns dos principais componentes que uma empresa deve considerar:
Um conselho de administração diversificado e bem equilibrado é essencial para uma governança eficaz. Isso inclui a presença de membros independentes que não têm vínculos diretos com a administração da empresa, bem como a diversidade de gênero, etnia e experiência.
Estudos mostram que conselhos diversificados tomam decisões mais equilibradas e inovadoras, o que melhora a performance geral da empresa. Um relatório da McKinsey de 2020 indica que empresas com alta diversidade de gênero em seus conselhos têm 25% mais probabilidade de apresentar lucratividade acima da média.
Transparência é um dos princípios fundamentais da governança. Isso implica em uma comunicação clara e aberta com todas as partes interessadas, especialmente em relação a decisões estratégicas, remuneração de executivos e desempenho financeiro e não financeiro.
Relatórios ESG completos e precisos, que detalham as conquistas e também os desafios enfrentados, são essenciais para manter a confiança dos investidores e do público em geral. Nesse ponto, convém enfatizar que os desafios devem constar nas publicações, com integridade e transparência.
A identificação e gestão de riscos é outro componente chave da governança. Isso inclui riscos financeiros, regulatórios, operacionais e reputacionais. Empresas que implementam sistemas robustos de gerenciamento de riscos são mais capazes de prever e mitigar problemas antes que eles se tornem críticos. Além disso, a conformidade com leis e regulamentos é essencial para evitar penalidades legais e danos à reputação.
A ética empresarial e a cultura corporativa estão no coração da governança. Empresas que promovem uma cultura de ética e integridade estão mais bem posicionadas para tomar decisões que considerem, além do lucro imediato, o impacto a longo prazo a todos os stakeholders.
Isso inclui a implementação de códigos de conduta rigorosos, programas de conformidade e canais de denúncia que permitam aos funcionários relatar comportamentos antiéticos sem medo de retaliação.
Embora a importância da governança seja amplamente reconhecida, a implementação dela pode ser desafiadora, especialmente em mercados emergentes ou em empresas de menor porte. Um dos principais desafios é a resistência cultural à mudança, quando práticas arcaicas de governança estão profundamente enraizadas.
Além disso, a falta de recursos, tanto financeiros quanto humanos, dificulta a implementação de estruturas de governança robustas. Outro desafio significativo é a divergência entre as práticas de diferentes países. Em alguns mercados, a governança é menos regulamentada, o que cria dificuldades para empresas multinacionais.
No entanto, para tantos desafios, há também tantas soluções. Para superar esses obstáculos, as empresas precisam investir em treinamento, capacitação e na criação de uma cultura corporativa que valorize a governança como um pilar estratégico.
Os benefícios de uma boa governança são numerosos e abrangem desde a mitigação de riscos até a melhoria do desempenho financeiro. Empresas que adotam práticas de governança eficazes são mais resilientes a crises, têm melhor acesso a capital e são mais atrativas para investidores que priorizam critérios ESG nas decisões de investimento.
Além disso, uma governança forte melhora a reputação da empresa, o que resulta em maior lealdade dos clientes e em vantagem competitiva. Um estudo demonstra que 77% dos consumidores indicaram que a confiança em uma marca é fator decisivo na decisão de compra. E a governança é um dos principais pilares para construir essa confiança.
Investidores têm importante papel na promoção da governança dentro das instituições. Investidores institucionais, em particular, têm o poder de influenciar as práticas de governança por meio do voto em assembleias, do engajamento direto com as empresas e da alocação de capital em organizações que demonstram compromisso com a governança.
Ademais, a crescente demanda por investimentos ESG pressiona as empresas a melhorar as práticas de governança. Fundos de investimento que seguem critérios ESG estão cada vez mais populares e organizações que não atendem a esses critérios são excluídas de carteiras de investimentos, o que impacta negativamente no acesso a capital.
A governança corporativa é um componente fundamental do ESG, pois serve como base para práticas empresariais sólidas e responsáveis. A importância da governança vai além da simples conformidade regulatória, estende-se à construção de uma cultura organizacional ética, transparente e comprometida com o bem-estar de todos os stakeholders.
Além disso, a boa governança impulsiona a confiança e a credibilidade no mercado. Empresas com práticas de governança robustas atraem mais investimentos, promovem uma maior lealdade entre os clientes e desfrutam de melhor desempenho financeiro superior. O “G” no ESG não é apenas uma preocupação administrativa, mas um pilar estratégico.
Finalmente, embora haja desafios na implementação de uma boa governança, as soluções existem. Investir em treinamento, promover uma cultura de integridade e garantir diversidade e transparência são passos importantes para enfrentá-los. Em última análise, a governança eficaz é, além de requisito para atender às expectativas dos investidores e consumidores, uma necessidade para construir um futuro corporativo sustentável.
Neste artigo, falamos do “G” da sigla ESG. E se falarmos mais um pouco sobre o “S”? Descubra a relação entre ESG e inclusão social.
Com 34 anos de carreira em jornalismo, sendo 23 deles na Rede Globo, a maior emissora do Brasil, Giuliana Morrone ficou conhecida por cobrir momentos históricos mundiais.
Formada em Jornalismo e especializada em Jornalismo Político pela Universidade de Brasília, conta também com um MBA em ESG pela PUC Rio e especialização em liderança feminina pela Harvard University.
Seu amor pela profissão começou aos 14 anos, quando conseguiu uma entrevista com a poetisa Cora Coralina para o jornal da escola, marcando o início de uma trajetória de sucesso.
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Jornalista com trajetória de mais de 30 anos na TV Globo e especialista em ESG, Giuliana Morrone ajuda negócios de todos os segmentos e tamanhos a pautar o próprio futuro.
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