Futuro do clima no mundo: cenário e objetivos para as próximas décadas

O ano de 2024 foi histórico, registrou as temperaturas mais altas dos últimos tempos desde o início do acompanhamento. Além disso, o ano foi marcado com incêndios na Austrália, enchentes na Europa e furacões intensos no Caribe. Aqui no Brasil, as temperaturas também tiveram seus recordes. Em 2024, diversos episódios de enchentes foram registrados, exemplo notório são as que ocorreram em boa parte da região sul do país.

Segundo organizações como a Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o serviço Copernicus da União Europeia, confirmaram a tendência de aumento da temperatura global e os efeitos são irreversíveis. 

Aqui se desenha o futuro do clima no mundo, os novos cenários e vivências são traçados de desafios. Mas, o que esperar para as próximas décadas? 

Dados que Alarmam

No ano de 2024, a temperatura chegou a ser 1,6 graus mais quente do que o período antes de os humanos começarem a queimar quantidades significativas de combustíveis fósseis, pontua o Copernicus.

Com isso, 2024 se tornou o primeiro ano civil a violar o limite de 1,5 grau que os países concordaram em evitar sob o acordo climático de Paris em 2015.

Além disso, no ano anterior a violação do limite, a concentração de CO₂ na atmosfera atingiu 420 partes por milhão (ppm), o maior nível em 3 milhões de anos. De acordo com publicações a Nações Unidas, “as concentrações de gases de efeito estufa estão em seus níveis mais altos em 2 milhões de anos”.

Os oceanos, que absorvem 90% do calor adicional gerado por emissões, estão sofrendo com os gases e temperaturas elevadas, o que destroem parte importante da vida marinha, como os corais. Por outro lado, os eventos climáticos extremos também afetaram drasticamente a economia ao redor do mundo, causando prejuízos globais de US$ 280 bilhões em 2023, de acordo com a Swiss Re.

Projeções para as próximas décadas

Como visto, o processo de aquecimento da temperatura global não é um fenômeno que ocorreu de maneira repentina. Sendo então uma consequência de um passado desregrado, o futuro do clima no mundo é o resultado de ações que foram repetidamente exercidas e pouco atenuadas visando a redução de impactos.

Aumento de temperatura

O cenário não é otimista. Os órgãos dedicados aos estudos climáticos, se as emissões continuarem no ritmo atual, o mundo aquecerá entre 2,4 °C e 4,4 °C até 2100. 

Apesar do cenário alarmante, as ações não são o suficiente para combater o avanço. No Acordo de Paris (2015), almeja limitar o aquecimento a 1,5 °C, mas as metas atuais são tidas como insuficientes.

Um aumento de 1,5 °C resultaria na perda de 70% a 90% dos corais, enquanto um cenário de 2 °C exporia 37% da população global a ondas de calor intensas.

Eventos extremos mais frequentes

Furacões podem aumentar em intensidade em 5% com cada 1 °C de aquecimento, conforme estudo publicado na revista Nature em 2022. Tornando assim, mais fortes e impactantes a destruição nas áreas afetadas por esse tipo de fenômeno natural. 

Nas regiões como o Mediterrâneo, a previsão é que enfrentarão reduções de até 40% nas chuvas até 2050, agravando secas e impactando a agricultura.

Elevação do nível do mar

Uma das consequências mais conhecidas é a elevação do nível do mar que deve afetar cidades importantes e podendo a submergir territórios. Cidades costeiras como Miami, Xangai e Amsterdã correm o risco de perder áreas significativas devido à elevação do nível do mar, projetada entre 0,3 e 2,5 metros até 2100, de acordo com a Climate Central.

Para se ter uma dimensão. Conforme a OMM, o nível médio global do mar já subiu mais de 10 cm desde 1993. No qual a taxa média de aumento do nível do mar mais do que dobrou desde a década de 1990. Sendo mais específico, a taxa anual de elevação passou de 2,27 mm por ano entre 1993 e 2002 para 4,62 mm por ano entre 2013 e 2022. 

Impactos regionais: quem sofrerá mais?

Os impactos do clima já estão sendo sentidos ao redor do mundo. São inúmeros os recordes de temperaturas altas, níveis de chuva surpreendentes em determinadas regiões que antes não chovia. Embora diversas regiões enfrentem essas mudanças, algumas sofrem impactos mais intensos e abruptos

Um exemplo prático ocorreu em 2024, quando São Paulo enfrentou racionamento de água após uma seca recorde, ilustrando a vulnerabilidade urbana às mudanças climáticas. Na África Subsaariana, secas prolongadas podem reduzir a produção agrícola em 20%, ameaçando a segurança alimentar de 200 milhões de pessoas, conforme dados da FAO. Na Ásia, monções irregulares prejudicariam cultivos de arroz, base alimentar de 3,5 bilhões de pessoas, exacerbando a fome e a pobreza.

Ações humanas também estão acelerando a ação do desajuste climático. Na Amazônia, o desmatamento pode transformar 40% da floresta em savana até 2050, segundo o INPE, afetando os regimes de chuva no Brasil e em outros países da América do Sul.

No contexto brasileiro, essas mudanças podem ter implicações diretas. A agricultura, setor vital para a economia do país, pode enfrentar desafios relacionados à alteração dos ciclos de cultivo e à disponibilidade hídrica. 

Além disso, eventos climáticos extremos, como secas prolongadas e chuvas intensas, podem se tornar mais frequentes, afetando tanto as áreas urbanas quanto as rurais.

Soluções atuais para o futuro

Apesar de um cenário caótico estar desenhado acima do futuro climático no mundo, é preciso ter esperança. Ações comandadas por civis, por empresas e também por governantes, podem auxiliar no processo de minimização dos impactos no decorrer das próximas décadas.

Energia renovável

Apontada como uma das grandes soluções para a situação climática e para crises energéticas, as fontes de energias renováveis são boas soluções para o futuro. A energia solar e eólica responderão por 35% da matriz global em 2025, segundo a IEA.  A Alemanha, por exemplo, já obtém 46% de sua eletricidade de fontes renováveis, enquanto a China investiu US$ 546 bilhões em energia limpa em 2022.

Reflorestamento e agricultura sustentável

Outras frentes que se propõem a auxiliar no enfrentamento ao aquecimento é o reflorestamento e agricultura sustentável. Exemplo do uso deste tipo de solução está a Costa Rica, com 60% do território reflorestado desde 1990. A agricultura regenerativa, por sua vez, pode sequestrar até 20 toneladas de CO₂ por hectare por ano, segundo o IPCC. Ambas as medidas visam a redução significativa do gás que é um dos principais agentes causadores do efeito estufa.

Papel de Governos e Empresas

Mesmo com soluções, há uma necessidade da ação de empresas e governantes no processo de criação de políticas e de compromissos para com o clima. Além das políticas públicas eficazes dos governos, é preciso que empresas iniciem o processo de conscientização de seus colaboradores, juntamente com compromissos corporativos focados nessa redução de danos climáticos no mundo.

Políticas públicas eficazes

Políticas públicas voltadas ao meio ambiente e ao clima são importantes para a manutenção do bem-estar social. Tais que, além do impacto regional, as ações trazem impacto a outras localizações e beneficiam economicamente a região.

Exemplo são a Suécia reduziu suas emissões em 26% desde 1995 com uma taxa de carbono de US$ 137 por tonelada. A União Europeia, por sua vez, proibirá a venda de carros a combustão até 2035.

Compromissos Corporativos

Empresas são parte importantes para o mundo, por isso, a colaboração de entidade privadas em geral na geração de ações para melhorar o futuro do clima no mundo é essencial. O movimento de ser mais ligado a ESG é preciso, pois assim, além da demonstração de compromisso com a sociedade, a empresa pode se beneficiar economicamente dos bons resultados trazidos pelas frentes da sigla.

A Microsoft é um exemplo corporativo de empresa que se compromete com o futuro do meio ambiente. Um dos anúncios da empresa para a causa é um investimento de US$ 1 bilhão em captura de carbono até 2030. Enquanto isso, a brasileira a Vale prometeu reduzir suas emissões diretas em 33% até o mesmo ano.

O indivíduo como agente de mudança

Ações diárias têm impacto coletivo, por isso o papel do indivíduo é importante para a redução de impactos. Algumas ações, mesmo que pequenas, podem auxiliar nesse processo, tais como: reduzir o consumo de carne bovina, por exemplo, pode evitar a emissão de 4 toneladas de CO₂ por pessoa por ano. Optar por transporte público corta 2,2 toneladas de emissões anuais, e escolher produtos com certificação ESG pressiona o mercado a adotar práticas mais sustentáveis.

Conclusão

O futuro climático depende de escolhas feitas agora. Não há outro caminho a não ser a tomada de consciência com foco em minimizar os impactos nos próximos anos. A ciência já vem trazendo dados e informações claras sobre a necessidade de limitar o aquecimento a 1,5°C exige cortar emissões pela metade até 2030. 

A construção de um planeta menos quente e mais habitável depende de ações no presente, com a adoção de práticas ESG por empresas, a aceleração de políticas governamentais e a exigência de transparência por parte dos cidadãos.

As tecnologias como hidrogênio verde e IA para previsões climáticas trazem esperança. Talvez, oferecem uma maneira de facilitar o comportamento para melhores resultados. Porém, não podemos esquecer que para o futuro do clima no mundo ser mais habitável, o momento de agir é hoje.

About
Giuliana Morrone

Sobre a palestrante

Com 34 anos de carreira em jornalismo, sendo 23 deles na Rede Globo, a maior emissora do Brasil, Giuliana Morrone ficou conhecida por cobrir momentos históricos mundiais.

Formada em Jornalismo e especializada em Jornalismo Político pela Universidade de Brasília, conta também com um MBA em ESG pela PUC Rio e especialização em liderança feminina pela Harvard University.

Seu amor pela profissão começou aos 14 anos, quando conseguiu uma entrevista com a poetisa Cora Coralina para o jornal da escola, marcando o início de uma trajetória de sucesso.

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